O Brasil bateu o recorde de doações de órgãos no primeiro semestre de 2023. Entre janeiro e junho, o país registrou uma média de 19 doadores por milhão de habitantes. O número foi divulgado hoje pela Associação Brasileira de Doação de Órgãos.
No caso do coração, a taxa passou de 1,7 transplante por milhão de habitantes em 2022 para 2,0 neste ano, enquanto o de fígado foi de 10 para 10,9 no mesmo período. Por outro lado, a taxa de doadores de pulmão caiu de 0,5 transplante por milhão de habitantes em 2022 para 0,3 neste ano.
‘Reescrevi minha história’
A atleta e professora de educação física Liége Gautério teve fibrose pulmonar, uma condição grave que a obrigou a receber um novo pulmão. Hoje, ela é bicampeã mundial no atletismo na categoria dos 100 metros rasos. “Depois do transplante, então, eu reescrevi a minha história. Eu transplantei o pulmão esquerdo. O direito ainda continua comigo, mas ele já não funciona. Então, eu me tornei atleta com um pulmão em funcionamento. A questão não é pensar em doação de órgãos como a partida e a morte, mas sim a possibilidade de dar vida”, afirma.
O levantamento também mostrou que a quantidade de recusa das famílias aumentou em relação aos últimos anos. Pela legislação brasileira, a doação só acontece se o paciente tiver o diagnóstico de morte cerebral e a família autorizar o procedimento.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Doação de Órgãos, Gustavo Ferreira, quase 50% das famílias ainda se negam a fazer o procedimento. “Falta de conhecimento, primeiro, da importância da doação de órgãos, que isso é que salva vidas. Só existe transplante se existe doação. E ter, hoje, uma recusa da ordem de 49%, a gente poderia estar atingindo ainda mais pacientes com a oportunidade de transplantar se a gente reduzisse essa recusa. Ou seja: a cada duas doações que a gente poderia estar tendo hoje, somente efetivamente está ocorrendo”, diz.
Outros motivos para que a doação não acontecesse incluem contraindicação médica, parada cardíaca e morte encefálica não confirmada.
Ao todo, foram realizados quase 4,3 mil e de órgãos de janeiro a junho. O rim lidera a lista, com dois mil e novecentos transplantes. De acordo com a associação, isso se explica pelo fato de que um rim pode ser doado por uma pessoa em vida. Em segundo lugar está o fígado, com mais de mil e cem transplantes, sendo 85 vindos de pacientes vivos. É possível doar em vida até 70% do órgão.
Atualmente, a lista de espera para o transplante de órgãos é de quase cinquenta e sete mil e quatrocentas pessoas ativas. Mais de 1,3 mil pessoas precisam de um fígado, trezentas pessoas de coração, e quase vinte e quatro mil pessoas precisam de córnea.
Relembre o caso do apresentador Faustão
Nesta quinta-feira, o apresentador Fausto Silva gravou um vídeo para agradecer às mensagens desejando pronta recuperação, após ele ter feito um transplante de coração no último domingo.
Na mensagem, Faustão se emocionou ao mencionar a família do doador do novo coração. “Um jogador de futebol, 35 anos, teve morte natural. Graças à imensa generosidade dele… Vou agradecer sempre. E eu espero, um dia, pessoalmente agradecer. É de uma generosidade que me emociona, me motiva. A única coisa que eu prometo é honrar a memória do seu filho, fazendo só coisas boas. Jamais esquecerei de vocês”, afirmou.
O transplante de coração feito por Faustão foi um dos 13 realizados no país na semana entre os dias 19 e 26 de agosto. Sete deles aconteceram no estado de São Paulo.
Disponível em: https://cbn.globo.com/saude/noticia/2023/10/31/transplantes-uma-doacao-de-vida.ghtml
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